Quanto tempo dura as suas roupas? Por quais motivos você resolve descartar suas roupas? E como você as descarta?
São questionamentos que raramente fazemos ou paramos para responder, mas dá para perceber aonde estas perguntas querem chegar.
Antes, vejamos uma notícia que foi amplamente divulgada e comentada em novembro, e que “chocou” o mundo. Toneladas de roupas provenientes de diversos países transformaram o deserto do Atacama no Chile em um enorme aterro têxtil, o “Lixão da Moda”, título estampado no site da revista Exame em 08/11/2021.
No Chile, o deserto do Atacama abriga lixão tóxico da moda descartável do 1° mundo / Martin Bernetti / AFP
O Brasil gera cerca de 170 mil toneladas de resíduos têxteis por ano e 80% deste volume vai parar em aterros sanitários. O processo de decomposição dependendo do material pode levar até centenas de anos. E quais os impactos disso? Mais uma pergunta que damos pouco valor, pois nosso hábito de consumo não entra a preocupação com meio ambiente, aquecimento global, contaminação do solo e da água.
No entanto, pequenas ações podem fazer grandes diferenças. Conheça algumas delas.
Doação
Sem dúvida é a primeira opção. Em um país que conta com um quarto da população vivendo em situação de pobreza ou extrema pobreza, a reutilização de roupas por estas pessoas cobre uma carência que não tem preço. Uma prática altruísta por quem doa é lavar, passar e embalar a roupa transformando a doação em um presente. Esta atitude mostra o quanto respeitamos aqueles que não são afortunados como nós.
Reciclagem
A reciclagem de um modo geral representa um percentual muito pequeno diante de todo lixo produzido no país, e a reciclagem têxtil é insignificante dentro do volume reciclado em virtude da alta complexidade e trabalho envolvido neste processo.
Um trabalho de pós-graduação de Mariana Correa do Amaral, acadêmica da USP, levantou 21 empresas que fazem a reciclagem de tecidos. O setor automobilístico é um grande comprador desse material reciclado, utilizando-o para revestimentos de bancos de carro. Existe também o processo de desfibramento dos tecidos que voltam a ser fios novamente.
A rede varejista C&A criou o Movimento ReCiclo. Distribuiu diversas urnas em suas lojas para coleta de roupas, estejam ou não em boas condições de uso. Após triagem e classificação, estas peças são destinadas a algumas instituições. Estas empresas se responsabilizam pelo pós-consumo de seus produtos, a conhecida logística reversa. A Puket recolhe meias e a Havaianas, os chinelos
Upcycling
É um movimento que vem crescendo. Consiste em pegar uma roupa que você não quer mais usá-la daquele jeito e modificá-la, dando um “up” na peça. Seja um detalhe que você coloque, ou encurte um vestido longo, ou mesmo transformar uma calça em um short. E há empresas que surgiram produzindo suas roupas usando o upcycling.
Venda e Troca de Roupas
Outra moda que vem crescendo é a venda de roupas usadas. Os conhecidos brechós aumentaram suas ofertas e vendas durante a pandemia e estão quebrando o preconceito sobre o uso de roupas usadas. Sites como o Enjoei e o Repassa mostram o sucesso deste tipo de negócio, este último adquirido pelas Lojas Renner.
Faça o que for preciso, mas não jogue a roupa no lixo. Consulte pontos de coleta e reciclagem em sua cidade ou dê asas à sua imaginação e reutilize. Mas o importante quando for comprar uma roupa nova, verifique se o material é sustentável e se a empresa que o produziu inseriu esta preocupação em seu processo de produção. Com esta pequena atitude, os benefícios para salvar o planeta serão enormes.
Tão importante quanto produzir de forma sustentável, é descartar adequadamente o produto sem afetar o meio ambiente.